Ano Novo, Lingua Nova!

Lara Carlette

Graduanda em Comunicação Social / Jornalismo (UFV)

 

 

Eu falo português, você fala português, e aproximadamente outras 230 milhões de pessoas, de oito países diferentes, também se comunicam através da boa e velha língua. São eles: Brasil, Portugal, Timor Leste, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, componentes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

 No Brasil ela chegou pelo mar, quando por um “acidente” as caravelas de Pedro Álvares Cabral avistaram as verdes terras. Por aqui não foram entendidos, pelo menos com as palavras. Tupinambá, Tupiniquim e uma diversidade de línguas eram faladas pelos homens nus e pecaminosos que aqui corriam de um lado para o outro e viviam tranqüilamente da caça e da pesca.

Os portugueses encarregaram-se da “missão” de salvar as almas dos que aqui viviam, os índios, denominação aportuguesada.  Estes passariam por um processo de aculturação, deveriam ser “civilizados”, vestir-se adequadamente, andar, comer e aprender o português.

A antropologia denomina todo este processo como etnocentrismo, eu, de forma mais singular, apenas preconceito.  Diz-se que a Língua é a identidade maior de um povo e creio nisso. No caso brasileiro, nossa língua revela um passado colonizado, explorado e sugado. Nossa identidade.

Em 1757, Marquês Pombal declarou oficial a Língua portuguesa, pois o avanço de línguas indígenas ameaçava o “patriotismo português” no Brasil, ou melhor, a submissão brasileira a Portugal.

Claramente percebe-se que a língua Portuguesa no Brasil não é um mero legado cultural e sim, proveniente de fatores políticos e econômicos.

No primeiro dia desse ano foi aprovada a lei que visa unificar a Língua Portuguesa em nível global.  Portugal e Brasil, que são os principais representantes da Língua, demoraram mais de uma década para assinarem o acordo. Portugal questionava ter mais modificações na língua que o Brasil, mas o problema não para por aí, e arranca opiniões a favor e contra a reforma nos dois países.

Quem é a favor, argumenta em prol da Globalização, da melhor comunicação entre as pessoas e a facilidade no mercado editorial que não teria que fazer traduções caso a língua portuguesa fosse unificada.

Do outro lado, os do contra, argumentam em relação às dificuldades de adaptação da população às mudanças, e também das editoras no repasse das novas regras, principalmente, aos livros didáticos.

Bem se vê que situação não mudou muito. Interesses políticos e econômicos continuam motivando as opiniões de ambos os lados. Entretanto, mesmo tendo sido colonizados “até a língua”, ou  melhor,  mesmo tendo havido uma imposição lingüística, o português no Brasil se singularizou por ter agregado características do povo brasileiro, trazendo assim um pouco de identidade, o jeitinho brasileiro.

Se os acentos, hífens e letrinhas mudas fazem mesmo tanta diferença, não sei. Mas, agora não adianta mais. A academia Brasileira de Letras juntamente ao governo brasileiro, já se decidiram. Ano Novo, Língua Nova. Só resta a nós aprender ou reaprender.

Algumas dicas para ficar por dentro da nova ortografia:

Acentos

1. Cai o trema.

2. As paroxítonas cuja sílaba tônica fica no éi ou no ói perdem o acento

3. Paroxítonas também perdem o acento quando a sílaba tônica está no i ou no u.

4. As terminações éis, éu, éus, ói e óis, também perdem o acento.

5 Letras duplas perdem o acento circunflexo.

6. Acento diferencial para distinguir homônimos acabou: para, de parar, é igual àquele outro para. Pelo de bicho, idem.

A regra acima não vale para os verbos: Pôde segue acentuado para marcar o passado, têm para dizer que é plural, pôr verbo continua distinto do por preposição. Ele intervém, eles intervêm.

Hífens

1. Se a segunda palavra começa com h, tem hífen.

2. Quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal do segundo elemento – agroindustrial – fica sem. Se a vogal de término e de início for a mesma – anti-inflamatório – tem hífen.

3. Não há hífen quando o prefixo termina com vogal e o segundo elemento começa com consoante diferente de R ou S: anteprojeto. O hífen também some no caso R ou S, mas aí a consoante duplica: antirreligioso. A exceção: o prefixo ‘vice’ sempre impõe um hífen, vice-presidente.

4. Se o prefixo termina por consoante e o segundo elemento começa pela mesma consoante – inter-religioso –usa hífen. Se, no entanto, as consoantes forem diferentes – supermercado –, não há hífen.

Há exceções: se o prefixo for ’sub’, aí também fica hífen para palavras iniciadas com R – sub-república. Para os prefixos circum e pan seguidos de palavras iniciadas por M, N e vogal, fica o hífen: pan-americano, circum-navegação.

5. As palavras com sufixo tupi têm hífen: anajá-mirim, capim-açu.