Bullying: Preconceito e Intolerância Social

Camila Guimarães Ribeiro

Graduanda em Letras (UFV)

 

Apesar da inquestionável instantaneidade na propagação das informações nos mais diversos meios de comunicação, ainda é possível que a discussão de alguns temas esteja restrita a pequenos grupos na sociedade. Muitos desses temas precisariam ser mais difundidos no contexto social no qual vivemos para que possamos refletir e, se necessário, até mesmo mudar nossa postura diante de determinadas situações.

 Em meados da década de 80, os ingleses começaram a identificar um problema bastante recorrente no meio escolar e o chamaram bullying. Sem tradução exata, mas podendo também ser definido como violência moral infantil, o bullying se caracteriza basicamente por atitudes agressivas e preconceituosas de algumas crianças direcionadas à outra (s) . Apesar desses casos de violência ocorrerem com maior frequência entre crianças, não há como ignorar que esse tipo de comportamento pode ser bastante comum no ambiente familiar, no ambiente de trabalho, na vizinhança e no meio acadêmico, ou seja, é comum também entre adultos.

Infelizmente ainda há pouquíssimos materiais sobre bullying disponíveis no Brasil para pesquisa. Os estudos são escassos e, portanto, não é raro presenciarmos um completo despreparo das equipes pedagógicas dos colégios nos quais o problema está presente. Sem o apoio teórico necessário, geralmente o corpo docente, bem como a administração da escola, não sabem como agir e tendem a ignorar o problema, principalmente se já houve alguma tentativa mal sucedida na tarefa de saná-lo.

É papel da escola trabalhar a igualdade e a tolerância com seus alunos, fazendo com que estes saibam lidar com a diversidade, sem preconceito. Contudo, é de extrema importância que os pais de todas as crianças participem desse processo, pois o comportamento da vítima e do agressor pode ser explicado (e entendido) a partir de suas próprias experiências, de suas histórias de vida. É fundamental que os casos de bullying sejam identificados logo no início para que a ajuda seja imediata – ajuda familiar, dos professores e supervisores e, se necessário, psicológica, já que ao ser vítima desse tipo de violência, a criança pode apresentar várias características nocivas ao seu desenvolvimento.

Os casos de bullying podem ser identificados através de agressões verbais e até mesmo físicas contra crianças rejeitadas no ambiente escolar por motivos banais induzidos por preconceito e intolerância a qualquer desvio do que é considerada uma característica padrão dentre os agressores. Os principais alvos são crianças novatas no colégio, obesas, com necessidades especiais ou que seguem diferentes culturas daquela considerada ideal, ou seja, daquela que se sobressai no ambiente em questão. Em sua grande maioria, as vítimas apresentam algumas particularidades, como considerável queda no rendimento escolar e baixa auto-estima, podendo até mesmo desenvolver a depressão. Tendo a insegurança e a retração como características bastante recorrentes, as vítimas do bullying se isolam cada vez mais e não pedem ajuda por medo de que as agressões se tornem mais frequentes.

Uma maior repercussão desse problema seria fundamental para que através de discussões concretas pudéssemos identificar mais detalhadamente as causas e os efeitos que o bullying acarreta para quem sofre os insultos. Pais e professores precisariam ser orientados para que houvesse uma considerável diminuição dos casos de bullying através de uma educação baseada no respeito mútuo, já que uma sociedade só se constrói pela heterogeneidade de seu povo.